Certo dia, lá pelo ano 1992, no Batalhão de Comando da Divisão Anfíbia, por volta de 07:45 hrs, observo que os elementos da Cia não estavam nem aí.
Fui lá dentro da secretaria e observei no quadro de atividades anual, fixado na parede, que naquele dia estava previsto exercício de rapel, com aeronave, no Batalhão Riachuelo, portanto, a Cia já estava atrasada para o evento.
Procurei saber quem era o responsável pelo exercício, foi quando me comunicaram que era eu. Apelei dizendo que não podia, pois existiam determinações que todo exercícios daquela natureza, o mais antigo tinha que ser um Oficial e eu era apenas um Sargento. Foi quando me informaram que todos nossos Oficiais estavam envolvidos em atividades (um estava na Amazônia, outro no Pantanal Matogrossense, etc) e por uma questão de hierarquia, eu continuava sendo o responsável por aquele exercício.
O segundo em comando era o Sg Célio (Jabá), a quem determinei que mandasse o ônibus avançar imediatamente, enquanto eu formava a Cia já dividindo em equipe de desembarque.
Dentro do ônibus, enquanto se deslocava para o Riachuelo, me dirigi a Cia:
-Pessoal, tem alguém aqui, que nunca tenha feito rapel de aeronave?
E a resposta foi negativa, todos eram experientes.
- Então, nós estamos atrasados e passíveis de levarmos uma bronca. Podem deixar comigo que assumo a responsabilidade e quando chegar lá vou mandar desembarcar e formar para apresentar ao mais antigo, então quero todos com a moral elevada, peito para fora e barriga para dentro.
Quando lá chegamos, de longe eu avistei o CMG, Comandante do Batalhão Riachuelo, na posição de descansar (nesta época os Batalhões de Infantaria eram comandado por Capitães de Mar-e-Guerra), do lado dele estavam o Piloto e o Co-piloto da aeronave.
Então, comandei: Atenção Companhia, coluna por três, Companhia sentido, direita volver e me voltando para ele, levei a mão a pala e disse bem forte: Sargento Barroso, apresento a Companhia Reconter pronta para fazer o exercício de rapel.
Ele olhou bem pra mim de baixo acima e disse: Sargento, Sargento Barroso, como você me explica? chego no meu quartel às 06:30hs e encontro uma aeronave pousada no heliporto e ninguém sabia me explicar porque. Vou procurar saber e descubro que é para fazer exercícios com vocês e me chega você um Sargento, uma ora dessa. Como você me explica?
-Explico agora mesmo, permissão, e me virando para a Cia comandei forte e claro: Companhia, descansar. Sargento Célio, fora de forma. Vou passar o comando para você, você pede ao comandante permissão para se retirar e conduza a companhia, em passo acelerado, para o heliporto, faça o briffing e pode começar o exercício, que eu vou explicar para o Cmte o porque da aeronave e me virando para a guarnição da aeronave disse: senhores queiram guarnecer a aeronave.
Assim o SG Célio procedeu.
Após a Cia sair ele se dirigindo a mim perguntou: e agora SG Barroso, como você me explica?
-Comandante, todos nossos exercícios fazem parte do PAAD e soletrei P-A-A-D (Plano Anual de Adestramento). Assim, durante o planejamento, 6 meses antes, nós enviamos um rádio, solicitando a aeronave, com ação para São Pedro d’Aldeia e com informação para Brasília e para o Riachuelo. Algum tempo depois São Pedro d’Aldeia responde positivamente ou negativamente, com ação para nós e informação para Brasília e para o Riachuelo, esses 2 rádios foram recebidos pelo Batalhão Riachuelo e certamente alguém os leu e os mandou para o arquivo. Portanto o Sr não pode acusar que não sabia que a aeronave ia pousar hoje no heliporto.
O Comte fazendo um gesto de desagravo, disse: tá bom pode ir.
Quando cheguei lá em cima no heliporto já havia sido realizado o briffing e o exercício já havia começado e tudo transcorria normalmente quando de repente chegou o Comte Alves CF (FN) S3 do Batalhão de Comando da Divisão Anfíbia e se dirigindo a mim perguntou: Barroso o que está acontecendo aqui?
Disse-lhe: Tudo normal, exercício sendo realizado sem nenhum incidente. Agora, o CMG lá em baixo, está furioso e acusou que não sabia que a aeronave ia pousar hoje no convôo dele e pelo exercício ser comandado por um Sargento. Expliquei-lhe que nossos Oficiais estão todos em missão e que por questão de hierarquia o exercício seria por mim comandado e que no Quartel dele certamente tinha 2 rádios lhe informando sobre o exercício com a aeronave.
Disse o Comte Alves: tudo bem continue com o exercício. Esse desgraçado, se referindo ao CMG, ligou para o Comando de Operações Navais e até para Brasília para fazer fofoca sobre isso.
Terminado o exercício, formei novamente a CiaReconter e ao solicitar autorização para me retirar recebi um não.
Disse o Comte: faça como da outra vez, passe o comando para o outro SG que eu quero falar com você.
E assim o fiz, passeio comando para o SG Célio e determinei que ele após solicitar autorização ao Comte do Batalhão, conduzisse a Companhia ReconTer “correndo-curto” até ao Batalhão de Comando da DivAnf, que eu ia ficar para ouvir o Comte.
Após a Cia sair ele se dirigindo a mim perguntou: SG Barroso você quer servir no meu Quartel?
-Não Sr.
-Porque você não quer?
- Por que estou contente em servir na CiaReconter. Lá nós temos a missão específica de reconhecimento, atuamos em pequenos grupos, é diferente do combate convencional, como é a missão dos Batalhões de Infantaria, mas também podemos atuar em prol dos Batalhões.
-Tá bom, pode ir que eu vou mandar um elogio pra você.
-Mas Comte, agora eu fiquei curioso, porque o Sr. Gostaria que eu servisse em seu Quartel?
-Por que tenho sob meu comando um montão de Sargentos e se eu perguntar a qualquer um deles o que é PAAD eles não sabem e você sabe.
-Pois é Comte, nós na Cia ReconTer somos obrigados a saber e fazendo a continência pedi permissão para me retirar.
OBS. Até hoje não recebi o elogio.
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Fui lá dentro da secretaria e observei no quadro de atividades anual, fixado na parede, que naquele dia estava previsto exercício de rapel, com aeronave, no Batalhão Riachuelo, portanto, a Cia já estava atrasada para o evento.
Procurei saber quem era o responsável pelo exercício, foi quando me comunicaram que era eu. Apelei dizendo que não podia, pois existiam determinações que todo exercícios daquela natureza, o mais antigo tinha que ser um Oficial e eu era apenas um Sargento. Foi quando me informaram que todos nossos Oficiais estavam envolvidos em atividades (um estava na Amazônia, outro no Pantanal Matogrossense, etc) e por uma questão de hierarquia, eu continuava sendo o responsável por aquele exercício.
O segundo em comando era o Sg Célio (Jabá), a quem determinei que mandasse o ônibus avançar imediatamente, enquanto eu formava a Cia já dividindo em equipe de desembarque.
Dentro do ônibus, enquanto se deslocava para o Riachuelo, me dirigi a Cia:
-Pessoal, tem alguém aqui, que nunca tenha feito rapel de aeronave?
E a resposta foi negativa, todos eram experientes.
- Então, nós estamos atrasados e passíveis de levarmos uma bronca. Podem deixar comigo que assumo a responsabilidade e quando chegar lá vou mandar desembarcar e formar para apresentar ao mais antigo, então quero todos com a moral elevada, peito para fora e barriga para dentro.
Quando lá chegamos, de longe eu avistei o CMG, Comandante do Batalhão Riachuelo, na posição de descansar (nesta época os Batalhões de Infantaria eram comandado por Capitães de Mar-e-Guerra), do lado dele estavam o Piloto e o Co-piloto da aeronave.
Então, comandei: Atenção Companhia, coluna por três, Companhia sentido, direita volver e me voltando para ele, levei a mão a pala e disse bem forte: Sargento Barroso, apresento a Companhia Reconter pronta para fazer o exercício de rapel.
Ele olhou bem pra mim de baixo acima e disse: Sargento, Sargento Barroso, como você me explica? chego no meu quartel às 06:30hs e encontro uma aeronave pousada no heliporto e ninguém sabia me explicar porque. Vou procurar saber e descubro que é para fazer exercícios com vocês e me chega você um Sargento, uma ora dessa. Como você me explica?
-Explico agora mesmo, permissão, e me virando para a Cia comandei forte e claro: Companhia, descansar. Sargento Célio, fora de forma. Vou passar o comando para você, você pede ao comandante permissão para se retirar e conduza a companhia, em passo acelerado, para o heliporto, faça o briffing e pode começar o exercício, que eu vou explicar para o Cmte o porque da aeronave e me virando para a guarnição da aeronave disse: senhores queiram guarnecer a aeronave.
Assim o SG Célio procedeu.
Após a Cia sair ele se dirigindo a mim perguntou: e agora SG Barroso, como você me explica?
-Comandante, todos nossos exercícios fazem parte do PAAD e soletrei P-A-A-D (Plano Anual de Adestramento). Assim, durante o planejamento, 6 meses antes, nós enviamos um rádio, solicitando a aeronave, com ação para São Pedro d’Aldeia e com informação para Brasília e para o Riachuelo. Algum tempo depois São Pedro d’Aldeia responde positivamente ou negativamente, com ação para nós e informação para Brasília e para o Riachuelo, esses 2 rádios foram recebidos pelo Batalhão Riachuelo e certamente alguém os leu e os mandou para o arquivo. Portanto o Sr não pode acusar que não sabia que a aeronave ia pousar hoje no heliporto.
O Comte fazendo um gesto de desagravo, disse: tá bom pode ir.
Quando cheguei lá em cima no heliporto já havia sido realizado o briffing e o exercício já havia começado e tudo transcorria normalmente quando de repente chegou o Comte Alves CF (FN) S3 do Batalhão de Comando da Divisão Anfíbia e se dirigindo a mim perguntou: Barroso o que está acontecendo aqui?
Disse-lhe: Tudo normal, exercício sendo realizado sem nenhum incidente. Agora, o CMG lá em baixo, está furioso e acusou que não sabia que a aeronave ia pousar hoje no convôo dele e pelo exercício ser comandado por um Sargento. Expliquei-lhe que nossos Oficiais estão todos em missão e que por questão de hierarquia o exercício seria por mim comandado e que no Quartel dele certamente tinha 2 rádios lhe informando sobre o exercício com a aeronave.
Disse o Comte Alves: tudo bem continue com o exercício. Esse desgraçado, se referindo ao CMG, ligou para o Comando de Operações Navais e até para Brasília para fazer fofoca sobre isso.
Terminado o exercício, formei novamente a CiaReconter e ao solicitar autorização para me retirar recebi um não.
Disse o Comte: faça como da outra vez, passe o comando para o outro SG que eu quero falar com você.
E assim o fiz, passeio comando para o SG Célio e determinei que ele após solicitar autorização ao Comte do Batalhão, conduzisse a Companhia ReconTer “correndo-curto” até ao Batalhão de Comando da DivAnf, que eu ia ficar para ouvir o Comte.
Após a Cia sair ele se dirigindo a mim perguntou: SG Barroso você quer servir no meu Quartel?
-Não Sr.
-Porque você não quer?
- Por que estou contente em servir na CiaReconter. Lá nós temos a missão específica de reconhecimento, atuamos em pequenos grupos, é diferente do combate convencional, como é a missão dos Batalhões de Infantaria, mas também podemos atuar em prol dos Batalhões.
-Tá bom, pode ir que eu vou mandar um elogio pra você.
-Mas Comte, agora eu fiquei curioso, porque o Sr. Gostaria que eu servisse em seu Quartel?
-Por que tenho sob meu comando um montão de Sargentos e se eu perguntar a qualquer um deles o que é PAAD eles não sabem e você sabe.
-Pois é Comte, nós na Cia ReconTer somos obrigados a saber e fazendo a continência pedi permissão para me retirar.
OBS. Até hoje não recebi o elogio.
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